terça-feira, 7 de abril de 2009

Polícia Federal investiga uma possível rota de contrabando de rubis em Santa Catarina

Subsolo da região do município de Barra Velha esconde uma fortuna em pedras preciosas

A Polícia Federal investiga uma possível rota de contrabando de rubis no Norte de Santa Catarina. As pedras preciosas são exploradas no município de Barra Velha, mas a ocorrência da fortuna no subsolo se estende por uma região de 800 quilômetros quadrados.

A história dos rubis na região do município de Barra Velha começou há 20 anos quando o professor joinvilense Euclides Secco resolveu ir em busca de ouro. Mas o que realmente chamou a atenção dele foi um pedregulho avermelhado que brotou da terra. A partir daí, Secco foi à luta para conseguir as autorizações necessárias para a exploração das pedras na localidade de Escalvado, interior de Barra Velha.

Secco conseguiu a autorização, fornecida pelo Departamento Nacional de Produtos Minerais (DNPM), e nestas duas décadas já retirou uma tonelada de rubi bruto. O professor é o único autorizado a extrair rubi bruto da região.

Esse amontoado da pedra não é o pote de ouro que o professor queria encontrar nos idos dos anos 1980: é muito mais. O material, que está muito bem guardado em uma empresa de valores em algum estado brasileiro, é avaliado, hoje, em R$ 23 milhões.

Secco tem o rubi, mas ainda não viu a cor do dinheiro. Existe uma dificuldade em vender o material. Ele chegou a pedir ajuda a um geólogo gaúcho ligado ao Sindicato dos Mineradores.

Contrabando

O geólogo Cláudio Altair Kuhs mudou-se com a família para Barra Velha há quatro anos. Ele também retirou material do local, alegando que era para estudos. No entanto, Kuhs está no meio da investigação da Polícia Federal de uma possível rota de contrabando de pedras preciosas. Kuhs nega o envolvimento.

A PF segue uma linha de investigação onde, além de Kuhs, estariam envolvidos no esquema um israelense naturalizado americano, uma uruguaia e um empresário gaúcho. Nas mãos do delegado da PF em Joinville, Eduardo Brindizi Simões Silveira, está uma agenda com anotações, uma grande quantidade de rubis e variados tipos de pedras, além de um contrato feito com o empresário israelense, no valor de 350 mil dólares.

Este material foi apreendido na casa de Cláudio Altair Kuhs, em 17 de fevereiro. Em 2007, a polícia já havia apreendido 55 quilos da pedra na casa de Kuhs, e um folder em inglês que oferecia rubis em uma feira em Tucson, no estado do Arizona (EUA). No papel, com o título Brazilian Rubies, há o desenho do mapa do Brasil e o nome de Kuhs.

Existe a suspeita de um possível contrabando que começaria em Barra Velha e se estenderia até a Índia e os Estados Unidos.

A PF tem 120 dias para concluir o inquérito. Em 2006, a Polícia Civil também começou uma investigação sobre essa possível fraude. O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da polícia gaúcha apreendeu cem quilos de pedras em Porto Alegre.

A corrida pela fortuna

Estudiosos estimam que tem tanto rubi nas terras catarinenses que seria necessário mais de 150 anos de exploração para por fim ao minério. Basta cavar 30 centímetros para já encontrar as pedras. A região “vermelha”, com uma área de 800 quilômetros quadrados, abrange cidades como Luís Alves, Barra Velha, Piçarras, São João do Itaperiú e Massaranduba.

Nos últimos quatro anos, a busca por rubis aumentou bastante. Segundo o Departamento Nacional de Produtos Minerais (DNPM), há centenas de permissões para pesquisa em pequenas propriedades rurais. Os registros estão no nome de pessoas do Rio Grande do Sul, joinvilenses anônimos e de quem espera enriquecer com o vermelho do rubi. Moradores da região Norte dizem que é comum carros de Curitiba passarem pelo local.

Nesses pedidos têm alguns que são para pesquisa, mas aí pode estar escondido outros interesses, como a retirada de minérios. Vale lembrar que isso é crime contra a União, e quem for pego pode ter uma pena que varia de seis meses a um ano.

Outra ponto é que o que for achado em qualquer terreno, inclusive nos particulares, uma parte — a maior dela — é da União. O dono do terreno também tem direito, assim como o explorador que encontrou o material, desde que tenha a devida autorização da DNPM.

Será a nova Serra Pelada?

O prefeito de Barra Velha, Samir Mattar, está muito interessado nos rubis. Ele quer atrair riquezas para a região e acredita que o local pode se transformar na nova Serra Pelada — o garimpo de ouro no Pará ques fascinou aventureiros da década de 1980. Essa riqueza pode trazer muito problemas, e a fiscalização terá de ser rigorosa.

Mattar tenta convencer o governo estadual a intermediar um negócio com empresários do Oriente Médio, potenciais compradores das pedras. Em maio, quando ocorre o encontro anual do Conselho Mundial de Turismo e Viagens, em Florianópolis, seria a grande chance, uma vez que uma Comitiva da Câmara de Comércio e Indústria de Dubai visita a cidade.

Empresários gaúchos também teriam procurado o prefeito para tentar negociar.

Fonte: zerohora.com

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